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° Aonde estão os meus cacos? °

  • Foto do escritor: Natalia Sofia
    Natalia Sofia
  • 28 de nov. de 2022
  • 2 min de leitura

Sempre tive medo de que o tempo acabace e eu não visse;

Sempre tive medo de ser transparente;

Ou perder minhas forças vocais;

Tenho medo de não lembrar os tons da vida;

E não saber diferenciar a água do vinho;


Tinha medo de perder minha humanidade e hoje incrivelmente é a coisa que mais repúdio. Também repúdio com todas as minhas forças o ódio, mas esse eu não temo, aquilo me não me fere também não ferirei


“Não se chuta um cachorro caído”, foi o que me disseram enquanto se negavam a olhar nos olhos de um mendigo, ao lhe oferecer um sorriso hipócrita que vinha seguido de um “não posso te ajudar irmão”. Me pergunto se realmente não havia a chance de ajudar, me pergunto como se cria um sorriso perante a cena... Eu também não pude ajudar, o que me faz pensar que posso julgar? O que me faz achar que posso rotulá-lo de hipócrita quando o vejo em meu espelho?


“não carregue a dor dos outros”, “faça o que pode, o resto está nas mãos de Deus”. Me pergunto ainda o que Deus vê lá de cima ou como alguns acreditam, o que ele vê da perspectiva ao meu lado? Ele fica satisfeito sabendo que eu fiz o que podia fazer?


Por que eu não?


...Só se vê os vagalumes no escuro mas acho que eles também fugiram, como aqueles que não tem uma resposta, assim como aqueles que tem medo da escuridão e aqueles que tinham um pote e o fizeram de luminária. O esquisito é que eu também tinha um pote, mas não me senti segura de prender os vagalumes nele; eu também não tinha uma resposta, mas nada me fazia acreditar que ela não existia. Nada me fazia acreditar que ela não era necessária... nada, nada, nada... e depois de muito tempo nada me fazia acreditar que eu conseguiria achar a resposta; por fim, eu também fiquei com medo do escuro, mas minhas pernas traidoras não me obedeciam, enquanto eu via eles correndo só me passava que são todos covardes, me passava que se todos se dessem as mãos todos poderíamos fugir juntos. Mas eu também pensei que aqueles que tinham as luminárias se fariam de abutre, como confiar? Me passou o pensamento que de todos eu era a única hipócrita e covarde, que de tanto medo não conseguia andar, que fala e fala de como tudo deveria ser tão lindo e não tem a capacidade de juntar os próprios cacos


Por que eu sinto tanto?

Por que me firo tanto?

Por que penso tanto?

Por que eu durmo tão pouco?

Por que deixo a maldade dos outros me ferirem?


Enfim eu descobri o que me faz humana, o que me torna uma pessoa melhor e qual foi a gota que estourou a barragem do rio de sentimentos que tenho, as águas estão zangadas e não tenho sido poupada


Eu temo a minha humanidade, porque que ela é a única que ameaça a minha sanidade.


- Natalia Sofia






 
 
 

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