° O futuro da humanidade °
- Natalia Sofia
- 28 de nov. de 2022
- 3 min de leitura
Tenho um sério problema com crianças, até hoje não entendi, visto do ponto que já fui e ainda sou considerada por alguns uma criança, imagino que há um estranhamento quando digo que crianças me apavoram.
Não tem nem como explicar, eu tenho medo de crianças! Tenho medo daquelas que falam, porque odeio quando não entendo o que as pessoas falam e digo que não tem cabimento um diálogo com alguém que vira para mim e fala: "vem aqui byt...bytkdn comigo"
O que você quer de mim criatura??? Não sei, pode ser qualquer coisa, pode ser: "vem aqui enfiar esse botão no nariz comigo", "vem aqui cavar um buraco no mármore comigo", vem aqui traçar um plano neocapitalista que envolve tocar fogo em café comigo", ou até mesmo, "vem brincar comigo..." Brincar?? Eu vou brincar de que com você amadinha?: " Pega o contole e atendi". Mas antes de eu atender ela já estava falando com alguém: "bozonhsj tá bem?" - eu já estava no modo "Bolsonaro é você? Se for, já é uma boa oportunidade para ensinar a criança como não falar" - "bjshhu ah tá ok"
Puta que pariu, depois disso não tem mais diálogo né, vai que é contagioso...
Tá bom, talvez eu tenha exagerado um pouco, mas acredito que se eu começar a doutrina do "não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder." ainda haja salvação!
Mas e as crianças quietas? Que o Caldeirão nos abençoe, a criança tá lá no colo da ou do responsável, tranquila, quieta, com uma Barbie na mão, uma vez ou outra ela vira e mostra a boneca para o adulto e fica lá... Mas de repente, você vira para comentar alguma coisa e a criança está te olhando, e não olhando normal, é do tipo: contato visual intimidador. A boneca que estava na mão dela? Não a vejo mais, olho para um lado e para o outro e quando meus olhos recaem sobre os da criança novamente, ela está se agachando lentamente e então abaixo do pé dela avisto a Barbie... Depois disso fui obrigada a ir no banheiro pensar um pouco na vida, será que eu deixei de cumprimentar ela quando cheguei? Será que foi o último chiclete da mesa de docinhos que eu peguei? Eu não sei, mas ela estava claramente mandando um recado, então deixo meu lado Thomas Shelby tomar conta.
- Ei ei criança eu fiz acordos com homens em quem eu confio. Se eu não comer bolo, você não come bolo... Faça sua escolha.
Enfim, a real é que criança boa é criança longe de mim, lembro-me a pouco tempo de um menininho que me viu treinando e achou que seria legal treinar também, tudo bem eu não sou um monstro desalmado, não diria "não" para a criança que estava feliz como um alecrim (o problema é que não tinha ninguém para me salvar caso eu precisasse). Começamos a Brincar de basquete, ele me falou que eu era muito legal e jogava bem, todo pomposo, mas quando ele foi embora nem falou tchau, olha só a falta de educação, ai eu fui obrigada a imitar a criança quietinha. Ele estava caminhando feliz, eu falei "tchau", quando ele se virou eu estava fazendo contato visual do tipo intimidador, abaixei bem de vagar, peguei minha bola e sorri. Ele deve ter ficado impressionado com a minha boa atuação porque ele saiu bem devagar dando ré.
Enfim, se precisar cuidar eu cuido, mas saiba que eu estou pensando em cada uma dessas coisas enquanto a sua criança me mostra um sol com cinco riscos atravessados na cara.
Manu, obrigada por estar comigo no horário do treino da ginástica infantil!
-Natalia Sofia
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