° Uma garota com sono e muita esperança °

Hoje eu saí de casa e cumprimentei a Lua.

A beleza da Lua...

Quantos anos a mais de nós ela deve ter? Quais mistérios ela já desvendou? Deve ser engraçado observar esses "meros" humanos perdidos em sua existência. Sabe quando você diz a uma criança para ela aproveitar "essa fase", porque é a melhor, e ela fecha a cara zangada por ter perdido a corrida? Imagino que sejamos assim com a Lua... Tanto sabe, tanto existiu, tanto aprendeu.

Ontem Rayssa Leal conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas em Tóquio, é engraçado porque se fosse no meu esporte nós diríamos: "Você é 2008!?" "Eita porra", mas, Karen Jonz, comentarista da ESPN dizia como o skate é um esporte acolhedor, e principalmente flexível por contar com estrelas de 13 aos 50 anos em competição, o que me fez pensar como as coisas mudam dependendo da lente que usamos. Não é como se fosse inveja e tenho dois motivos para isso.

1. Uma medalha no skate não me é atrativa porque eu não ando de skate e nem pretendo;

2. A vitória das minhas irmãs brasileiras é minha vitória também, portanto, me sinto contemplada.

Mas o que eu realmente ia dizendo é que, ver essa garota tomando para si aquele pódio me fez pensar em como eu deveria estar fazendo mais, como eu poderia fazer mais, a final ela tem apenas 13 e eu estou em meus 15, tudo isso ainda me fez pensar em como meu primo já trabalha, e como o outro estuda, me fez pensar nas ótimas notas de redação do Enem que algumas garotas de 16 ostentam, me fez pensar na segunda faculdade que meu irmão está fazendo aos 21, e em como eu nem sonho com a primeira... Parando um pouco agora, penso em como 18 anos de basquete não fazem com que você seja um profissional e como não ser um profissional não é motivo de vergonha, penso também em como cada um corre atrás do seu, e não ter uma faculdade e carteira assinada não me fazem nem de longe uma "vagabunda".

Bizarro né? Essa noção deturpada de tempo que temos, é como se fosse um circuito infinito de corrida, depois de um tempo todo mundo se acostumou com o ritmo insano em que estamos correndo.

Eu não vou jogar até os meus cinquenta, e também não sei se vou ser medalhista olímpica, MVP de campeonatos etc. Mas sei que vou aproveitar cada minuto daquilo que me faz sentir como se a maldade do mundo não existisse. Talvez eu seja uma futura artista e escritora "falida", eu não sei, mas sei que independente de qualquer um dos resultados que a vida me guarda, não vou passar em branco, e isso é para mim, eu não vou deixar de viver nem mais um segundo porque ao final se eu não viver ninguém o fará por mim.

Nesse momento não estou atrasada e nem adiantada de ninguém, estou no meu tempo e acredito ter começado a desvendar a maravilhosa sensação de dominar essa filosofia.

Talvez as coisas deem errado daqui a 20 minutos e talvez eu me sinta o próprio fracasso humano, mas... agora não, é o que importa!

Sempre que se sentir atrasada olhe para o céu e procure a Lua, são 07:13 e estou vendo ela, eu não diria nem por um segundo que ela está atrasada para chegar em Tóquio, mas se eu não estivesse vendo, eu diria que ela tá fazendo o corre dela, sendo assim... Eu vou fazer o meu e você deveria fazer o teu, porque apesar de adorar a Lua e amar citar ela em meus devaneios literários eu duvido que ela se importe o suficiente comigo para ficar no céu pela manhã e me inspirar a escrever essa crônica de níveis absurdos de desabafo.

Obrigada por ler e talvez se solidarizar cara leitora e leitor

-Natalia Sofia